Em busca de audiência, MTV perde valores iniciais |
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por: Mauro Trindade
Para o que nasceu transgressivo e inovador, nada mais regressivo e conservador que a
MTV, agora sintonizável pelas parabólicas do País, na freqüência de 1140 Mhz, polarização horizontal. Com a nova forma de transmissão, a emissora pode ganhar a sintonia de quase 12 milhões de antenas em todos os rincões do Brasil.
Em publicidade, tamanho é documento. Mas não obrigatoriamente em programação. O canal do rock'n'roll, principal responsável pela popularização do videoclipe, lançador de tendências e espaço para novos grupos musicais, há tempos perdeu a verve e se voltou para um público infanto-pueril. A premiação do último
Video Music Awards, o VMA, na semana passada, dá o tom da exangue programação.
Já faz tempo que o rock saiu - e também o rap, o funk, o disco, o eletro, o dancehall, o reggae, o jungle e o tecno, que sequer chegou - e entraram as estrelas da Disney e do
High School Musical, que "abrilhantaram" a festa da música. Teve de tudo: o apresentador e punk de butique Russell Brand, a versão soporífera de
Like a Virgin, com Katy Perry, e a bela Rihanna e sua versão desossada da ótima
Seven Nation Army, do
White Stripes. Tudo pode ser reduzido a "hit".
A crise do modelo da MTV é, portanto, internacional. A música mudou e, principalmente, suas formas de produção e distribuição mudaram radicalmente. Quando todo mundo ainda cantava
I Want my MTV com Dire Straits na ultratocada
Money for Nothing, mal existia algo chamado Internet. E muito menos tocadores e pirataria em escala mundial. Com o tempo, a
MTV tornou menos "M" e mais "TV".
Por aqui, é difícil assistir quaisquer novos valores na emissora da música, seja lá qual for o gênero. Por exemplo, o fenômeno sócio-cultural do funk carioca - musicalmente bem mais próximo do Miami Bass - nem passa na porta da emissora. Muitíssimo menos grupos que promovem uma diversidade sonora mais elaborada, com levadas que vão do folclórico até o bom e velho rock. Chegou-se ao "sampler" de uma nota só.
Para garantir a audiência da nova geração, foram escalados os programas de auditório (
Rock Gol), o namoro na TV (
A Fila Anda), e o realities shows (
As Quebradeiras). Atrações de mais qualidade ainda se sustentam com um roteiro mais elaborado, caso de
Fudêncio e
MTV +, ou o carisma de seus apresentadores, em especial, Penélope e João Gordo. O rock é cinqüentão e os primeiros fãs do canal também. Mas a
MTV chegou à terceira idade sozinha.
TV Press
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